Não sei bem como começou...
11 de novembro de 2009
Foi tudo realmente muito estranho e rápido!
Comecei num lugar estranho, de praia, que lembrava muito o lugar onde moro hoje. Por alguma razão, conheci um rapaz com problemas mentais... cuidava dele no lugar onde ele vivia e o fazia com ajuda de uma Dra, de quem não me lembro o nome agora. Talvez nem mesmo o soubesse na ocasião.
Também conhecia uma garota, de cabelos meio castanho-claros, novinha, tipo da minha idade ou bem próximo. Estudávamos juntos não sei onde, mas era um cursinho desses que fazemos avulso, como um cursinho técnico ou de informática.
Houve uma vez em que, não me perguntem como, conheci um ator que meu irmão, Júnior, gosta muito, Silvester Stallone, o Rambo. Sim, eu sei. Isso é loucura! Mas nos sonhos, sabemos que tudo é possível. De alguma forma, aquilo tudo me parecia fazer tanto sentido que não procurei fundamentos em nada. Apenas me deixei levar pelos acontecimentos.
De alguma forma que eu não sei realmente como explicar, chamei meu irmão (e ele veio, apesar de tudo que já houve nesse meio-tempo) para conhecer seu ídolo.
Foi tudo ótimo! Conversamos sobre quase tudo, sobre nossas coisas, nossas derrotas e nossas conquistas. Falamos do passado... pensamos um pouco sobre tudo o que ocorreu, em como as coisas poderiam ter sido diferente e talvez até mais fáceis. Aquela melancolia linda e “batida”. O típico descontentamento com o passado, o incrível despertar dos arrependidos. É fascinante, em determinados momentos, como temos a capacidade de errar só para ter do que se lamentar depois, mesmo que isso ocorra de forma inconsciente.
Depois de uma longa caminhada e muita conversa com o nosso Silvester Stallone, retornamos para casa. Mas onde é essa casa...?
Nos sonhos, como já foi dito, tudo faz sentido. Nada é estranho ou anormal.
As conversas foram em inglês, língua nativa do nosso astro, que mesmo com alguma dificuldade, conseguimos levar adiante. Foi divertido conversar com ele.
Na volta para casa, mostrei a Júnior minha motinha nova. Uma moto meio velhinha, mas muito boa. Ainda não tive a oportunidade de usá-la devido a sua situação, mas isso não vem ao caso agora.
Em casa, procurei feito um louco por um de seus filmes, mas nada me fazia encontrá-lo. Queria poder dar de presente a meu irmão, o DVD de seu ídolo autografado, mas não consegui. Cheguei a falar com Júnior – não to conseguindo achar seu DVD do Rambo que eu roubei! – risos.
No caminho de volta, pegamos a moto e fui mostrar para ele. Levamos a moto conosco até certo ponto, um lugar bem próximo à praia, quase em frente a uma oficina. Encontrei com a Dra de quem falei há pouco. Ela tinha uma filhinha que adorou a moto e até comentou que gostaria muito de tê-la um dia. Todos riram e elas se foram.
Depois de algum tempo, percebemos que nosso astro não passava de um dos pacientes da clínica e que se parecia muito com o verdadeiro astro e falava muito bem o inglês, que aprendeu sozinho.
Foram momentos de muitas risadas e felicidade, como não me lembrava mais de ter tido um desses com meu irmão.
Caminhamos mais um pouco e ele seguiu seu caminho de volta para clínica. A Dra já havia deixado o local também, mas como disse antes, ela morava com a filha bem perto dali, na praia.
Agora não me recordo como nem quando, mas lembro de ter deixado meu irmão, ainda quando estávamos com nosso amigo da clínica, em casa com mamãe. Me lembro de ter ficado preocupado com a reação dos dois a se encontrarem depois de tanto tempo de separação, mas me surpreendi com o que vi. Foram segundos de susto, arrebatação e contentamento. Um momento memorável e bem fácil de se lembrar para sempre.
Depois disso, me lembro de ter voltado à rua, naquele mesmo ponto perto da praia, sozinho, para testar um pouco a moto antes de deixá-la na oficina. Liguei. Dei a partida e ela deu um solavanco, saindo sozinha, desgovernada e acelerada pela rua. Eu fiquei caído, apenas com alguns arranhões, morrendo de medo de alguém se machucar e também, confesso, com um pouco de vergonha do tombo que havia levado.
Saí correndo feito um louco maratonista atrás da bendita moto e fui parar na praia.
Nem sabia como encontrar a moto. O tempo foi passando e eu fui ficando cada vez mais preocupado com o que poderia ter acontecido com os outros e comigo também, afinal, claro que seria responsabilizado por qualquer coisa que acontecesse.
Lembro de ver várias pessoas correndo atrás da moto também, para pará-la e eu até me senti aliviado nessa hora.
Entrei em algumas casas que davam acesso à praia perguntando se alguém a havia visto, mas ninguém me respondia nada. Acabei encontrando com a minha amiga, a Dra de quem já falei e ela também se empenhou em me ajudar. Sua filha, que devia ter uns 7 anos ficou me olhando assustada, mas com alguma coisa no olhar que ainda não sei determinar o que era. Havia alguma coisa a mais naquele olhar. Não era apenas susto ou medo. Era algo mais.
Foi então que eu me peguei rogando a Deus por uma ajuda, uma luz. Não sei explicar o que senti naquele momento. Foi algo muito intenso, que me afeta até agora. Nesse momento em que escrevo essas palavras, o sentimento me toma por completo de novo. Me vejo novamente naquele instante, naquele momento.
Em menos de um segundo, já havia em mim a certeza de uma coisa. Algo que prefiro não comentar agora, mas senti uma presença.
Havia acabado de perguntar a dois ou três senhores que bebiam e conversavam ali e eles também não tinham uma resposta positiva para me dar. Viraram-se e continuaram com seu “happy-hour”.
Foi aí que tudo se deu.
Senti uma presença muito forte e boa ao mesmo tempo. Um conforto. Um acalento.
Me virei e vi minha mãe e meu irmão, juntos, meio que flutuando no espaço vazio da minha visão, ou seja lá como for. Entre estranhar aquilo e sentir alívio, não consegui pronunciar uma só palavra, mas não era necessário. Os dois sorriam para mim, felizes e calmos. Tenros como um bebê recém-nascido, e minha mãe veio a mim, me tocou de leve o ombro direito, com seus dedos longos e magros, suas unhas grandes e seus anéis que a enfeitavam ainda mais.
Realmente, não precisava dizer nada. Seu olhar já me respondia tudo, mas mesmo assim, entendendo minha situação “humana”, ela me disse: - Vi, procura na casa do médico. Está embaixo do carro vermelho.
Na hora eu não entendi e isso também já não era mais importante do que o que eu estava vendo naquele momento. E eu indaguei: - Não me diga que vocês...?
E ela, ternamente me respondeu: - não. Ainda não fiz minha escolha.
O mais intrigante de tudo isso era ver meu irmão ao seu lado, com aquele meio-sorriso de quem está em paz e feliz consigo mesmo. Não posso negar o conforto que aquilo me passou.
Ela insistiu que eu deveria voltar pelo mesmo caminho que já havia feito, mas para quê, se eu já havia estado lá e não conseguira nada? Voltei mesmo assim.
Encontrei com a minha amiga Dra e contei a ela que deveria procurar, debaixo de uma carro vermelho de médico. E ela, como quem cai em si mesmo, me disse que sabia exatamente como deveria agir, e assim o fez. Me indicou o caminho do tal carro vermelho e desapareceu por alguns instantes, retornando com um ou dois homens, não me lembro bem agora. Eu estava atrás do carro e os senhores estavam em frente a ele, empurrando-o.
Para minha surpresa, lá estava a moto. A retiramos de lá, felizes e realizados por não ter havido nenhum ferido, foi quando sua filhinha veio ao lado dela, confessando ter escondido com ajuda não sei de quem, a moto, para que fosse “dela”. Coisa de criança, fazer o que?
Deixei a casa e me voltei para meus pensamentos. Minha mãe e meu irmão estavam, enfim, em paz. Haviam feito a passagem. imaginei que talvez tivessem ingerido algum tipo de veneno ou sei lá o quê. Tentei, em meu sonho, na minha imaginação, criar uma explicação lógica para a única coisa que não segue nem lógica nem regras. Apenas ocorre.
Acordei desse sonho desesperado, e isso era real. Real demais para mim, talvez. Corri para o quarto de mamãe e lá estava ela, deitada. Quase morri nessa hora, nem preciso dizer qual foi o meu susto ao vê-la estendida lá na cama.
Sabia que já havia chegado seu momento. Percebi que era forte o bastante para suportar aquilo tudo, naquele momento e que precisava sê-lo. Mas só naquele momento. Sabia que depois que tudo passasse, que eu cairia. – tive a graça de vê-los uma última vez, felizes e bem, e ainda por cima, me ajudaram a encontrar o caminho certo. foi sua forma de se despedirem de mim. Me ajudando. Ambos.
Para minha surpresa, ao me ver na porta do seu quarto, minha mãe levantou devagarzinho a cabeça e disse meu nome: -Vi? Ta tudo bem?
Não tive como evitar que as lágrimas tomassem meu rosto e a emoção, meu corpo e minha alma.
Senti um alívio muito grande. Me joguei ao seu colo, que me acolheu como um recém-nascido e me confortou, sempre repetindo: - calma, tudo não passou de um sonho. Foi só um sonho! Já acabou, agora você ta bem, pode ficar tranqüilo. Nunca vi um sonho te afetar tanto assim antes, o que houve?
O que houve? Ela nunca saberá. Pelo menos, não por mim. Mas para mim, serviu como uma grande lição. Me mostrou o quão grande é o amor. E o quanto ele pode confortar, nessa ou em qualquer outra vida.
Seja em sonho ou não, o amor, realmente, sempre vence!
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