quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sinistra URA do mal!!!

ligando para saber o saldo:

- tuuuu tuuuuuu tuuuuuuu bem-vindo ao banco blablabla. Boa noite!
Digite o número completo de sua conta e agência ou digite seu CPF.



com voz branda:

- O saldo total de sua conta corrente está negativo em:

e dessa vez ela grita:

- QUINHENTOS E CINQUENTA REAAAAISSS E OITENTA E QUAAAAATRO CENTAAAAAVOS.

e não contente, ela repete com a voz ainda mais baixa:

- O saldo total de sua conta corrente está negativo em:

e ESBRAVEJA NOVAMENTE:

- QUINHENTOS E CINQUENTA REAAAAISSS E OITENTA E QUAAAAATRO CENTAAAAAVOS.

Mais tarde...



- Fulano de Tal, com quem falo, por gentileza? Em que posso ajudá-lo? Boa noite!



Chorando:

- por que... por que? Porque a Ura faz isso comigo? O que eu fiz a ela pra que me odiasse tanto?

- Senhor, por favor, queira acalmar-se. Conte-me o que houve?

- Eu liguei pra saber meu saldo. Eu sei que "tô" devendo, mas, gente, eu prometo que vai ser pago, já até fiz a transferência de uma outra conta pra essa. É só esperar virar a noite, que o dinheiro "cai" na conta, eu juro!

- Senhor, não duvidamos do senhor, mas tem uma coisa que eu não entendi.



Continua:

- Foi a "URA" que fez o senhor chorar???

- Sim! Claro! Nem consigo comer nada por causa disso. Cara, ela gritou, BERROU meu saldo negativo na minha cara, "cruz-credo"!!!

- Senhor, eu entendo! Mas senhor, o que me preocupa na verdade é se o senhor entende do que estamos tratando aqui. O senhor entende?

- Entendo! Mas... pra quê tanta crueldade ao falar com a gente? Isso magoa as pessoas! E do jeito que ela nos ludibria... falando mansinho, quase parecendo uma oração: "Seu saldo está negativo em:"... poxa! E depois esbraveja daquele jeito, parece até que eu devo o triplo do valor real. Você "tá" entendendo?



- Alô!

- kkkkkkkkkkkkkkkkk... tu tu tu tu tu ...

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As Poesias Mais Pavorosas da Humanidade - Parte II

Ahasverus e o Gênio

AO POETA E AMIGO J. FELIZARDO JÚNIOR

Sabes quem foi Ahasverus?. .. —o precito,
O mísero Judeu, que tinha escrito
Na fronte o selo atroz!
Eterno viajor de eterna senda...
Espantado a fugir de tenda em tenda,
Fugindo embalde à vingadora voz!

Misérrimo! Correu o mundo inteiro,
E no mundo tão grande... o forasteiro
Não teve onde... pousar.
Co'a mão vazia—viu a terra cheia.
O deserto negou lhe —o grão de areia.
A gota d'água —rejeitou lhe o mar.

D'Asia as florestas—lhe negaram sombra
A savana sem fim—negou lhe alfombra.
O chão negou lhe o pó!...
Tabas, serralhos, tendas e solares...
Ninguém lhe abriu a porta de seus lares
E o triste seguiu só.

Viu povos de mil climas, viu mil raças,
E não pôde entre tantas populaças
Beijar uma só mão...
Desde a virgem do Norte à de Sevilhas,
Desde a inglesa à crioula das Antilhas
Não teve um coração!...

E caminhou!... E as tribos se afastavam
E as mulheres tremendo murmuravam
Com respeito e pavor.
Ai! Fazia tremer do vale à serra. ..
Ele que só pedia sobre a terra
— Silêncio, paz e amor! —

No entanto à noite, se o Hebreu passava,
Um murmúrio de inveja se elevava,
Desde a flor da campina ao colibri.
"Ele não morre", a multidão dizia...
E o precito consigo respondia:
— "Ai! mas nunca vivi!" —

_______________

O Gênio é como Ahasverus... solitário
A marchar, a marchar no itinerário
Sem termo do existir.
Invejado! a invejar os invejosos.
Vendo a sombra dos álamos frondosos...
E sempre a caminhar... sempre a seguir...

Pede u'a mão de amigo—dão lhe palmas:
Pede um beijo de amor— e as outras almas
Fogem pasmas de si.
E o mísero de glória em glória corre...
Mas quando a terra diz: — "Ele não morre"
Responde o desgraçado:—"Eu não vivi!. . ."